Já estava de saco cheio de trabalhar naquela lojinha de
fotos sem graça, no centro comercial de Ouro Preto, quando Léo foi trabalhar
lá. Eu não tinha interesse nenhum em ninguém daquele lugar, os homens mineiros
são meio sem graça e meu chefe ficava dando em cima de mim como quem está
passando fome na rua! Mas para minha alegria, o Léo chegou. Um mineirinho sem
muitos atrativos, mas que fez piscar minha intuição de que ele valeria a pena.
Não sei se eu já contei, mas eu tenho um dom: eu sei quando o cara é bom de
cama só de olhar pra ele. Isso acontece desde que eu era criança, mas naquela
época, não entendia o porquê, hoje, anos de experiência depois, eu sei,
simplesmente sei quando um cara vale a pena. E com ele não foi diferente.
De início não tínhamos muito que falar, eu era a garota do
Rio de Janeiro e ele o cara novo na loja. Passava a maior parte do dia na
frente do computador fazendo suas restaurações e almoçava sempre sozinho.
Alguém precisava quebrar aquele gelo todo. Um dia resolvi chamá-lo pra tomar
umas cervejas com o pessoal depois do trabalho pra que todo mundo se conhecesse
melhor - isso sempre funciona, não importa em que lugar do mundo você esteja!
Léo era muito tímido, mas era uma gracinha. Conversamos civilizadamente por
algum tempo e quando os litros de cerveja já estavam fazendo efeito na minha
pessoa, não perdi tempo: ‘quero transar com você’ e o agarrei no meio do bar.
Foi o beijo mais estranho que já dei na minha vida, levando em consideração que
eu estava bêbada e ele estava tentando fugir de mim!
No dia seguinte eu não tinha cara pra olhar pra ele, nunca
tinha me arrependido de nada ate aquele dia. Foi uma doideira assustar o garoto
assim, do nada. Mas no final do dia, quem sairia assustada seria eu.